Flávio Silveira: Renegade tem preço de Tera e faz 10 anos em ótima forma 4j1g64
“Jipinho” Renegade envelheceu bem e, por menos de R$ 120 mil, tem custo-benefício muito atraente na categoria de SUVs compactos y6g40
Faz 10 anos que dirigi o Jeep Renegade pela primeira vez. Foi na fábrica de Goiana, Pernambuco, onde eu vi nascer o modelo que chegou a ser o SUV mais vendido do país por três anos – para depois perder a liderança para o irmão maior, Com, mas continuar entre os mais emplacados. 6w216j
Uma década depois, ele pode não vender tanto, pois sofre com chegada de rivais de diferentes tamanhos, alguns do próprio grupo, como os Fiat Pulse e Fastback. Além disso, havia boatos de que sairia de linha com a chegada do irmão menor Avenger – o que não vai acontecer, como previ ainda em 2022 na extinta revista Motor Show.
Ambos vão conviver, e isso faz todo o sentido: do design ao conteúdo, o Avenger é o moderninho e conectado, com mais foco em tecnologia, telas e cia., e o Renegade é mais clássico, mais “adventure”, mais tradicional.
Mesmo antes da mudança de geração – que pode colocá-lo na mesma fábrica do grupo em Porto Real, Rio de Janeiro, junto com o Avenger, ou mantê-lo em Goiana com essa mesma plataforma, dependendo dos planos da Stellantis (por que não?)
Lembram do Corsa Classic? Não foi o único, mas talvez tenha sido um dos mais marcantes modelos mantidos em produção até muito depois do previsto, simplesmente por ainda fazerem sentido no mercado, por encontrarem um nicho de custo-benefício que justifica mantê-los vivos.
É justamente o caso do Jeep Renegade – e com a vantagem de que nestes 10 anos, com reestilizações, nova mecânica e muitas melhorias internas e externas, ele envelheceu extremamente bem, e continua sendo um produto atual e atraente.
A versão mais atraente é esta versão Sport, vendida agora por apenas R$ 118.290. É menos do que custam as versões automáticas básicas do novo e badalado VW Tera ou seus rivais diretos, Renault Kardian e Fiat Pulse, em versões equivalentes – todos eles menores, com motores 1.0 turbo bem menos potentes.
Uma semana ao volante dele me mostrou como ainda é um bom produto – e reforçou a qualidade do projeto de estreia, que se mantém vivo e competitivo até hoje sem sofrer mudanças radicais. A maior importante foi na mecânica.
No lugar do ultraado motor 1.8 flex com que estreou, agora tem o tal T270, um 1.3 turbo de 185 cv e 250 Nm que garante um desempenho não muito vivo, por conta do acelerador lerdo e da transmissão lenta (o modo Sport melhora só o primeiro), mas que, depois que acorda, responde bem, com 0-100 km/h em menos de 9 segundos e retomadas vigorosas.
Esse motor teve alguns problemas, pois talvez tenha estreado antes da hora, mas depois de corrigidos, esta é uma mecânica usada exaustivamente pelo grupo, e que vai continuar sendo usada por um bom tempo.
Há sinais da idade, é claro, na direção mais pesada que a média e em algumas questões de design, mas estamos falando de uma versão de 185 cv que, mesmo “pelada”, tem acabamento bem acima da média do segmento e oa itens de direção autônoma de fato úteis (frenagem autônoma de emergência e alerta ativo de saída de faixa), seis airbags, faróis full LED, freios a disco nas quatro rodas e mais.
O analógico, “ultraado”, tem leitura melhor que 90% dos digitais por aí, e estar “fora da tendência”, no lugar de ambiente clean, com telas com inúmeros e confusos menus, significa ter botões que controlam fácil e imediatamente funções de iluminação, freios, retrovisores, etc. – como se começa a ver que faz mais sentido (tudo redundante: você pode usar a tela, SE preferir).
A porção de dirigir “no alto”, vendo o capô e com o para-brisas vertical e distante dá a desejada sensação de SUV, e o motor trabalha quase sempre abaixo de 2.000 rpm na cidade, pisando leve. A suspensão é outro destaque, robusta e silenciosa na atuação, mas claro que mais dura do que em sedã, pois é um carro alto – de fato com boa distância do solo, diferente de Corolla Cross e outros pseudo-SUVs. Dá pra encarar estradas de terra com um pouco mais de confiança (mas cuidado, não é 4x4).
Além do porta-mas pequeno, um dos maiores defeitos (cerca de 300 litros, mas em seu favor é “quadrado” e dá pra aproveitar bem o espaço), essa versão faz sacrifícios nos equipamentos – mas não perde muito (e tem até vantagens) comparado aos SUVs subcompactos (eu prefiro chamá-los de crossovers, pois são mais hatches anabolizados que SUVs) Pulse, Kardian e Tera em versões de valor similar.
Se você não liga de ter que enfiar a chave no contato para ligar o carro, ajustar o ar-condicionado manualmente, ligar os faróis e sentar em bancos de tecido, entre outras “precariedades”, e não faz questão de um monte de telas e poucos botões, e de que o carro fique se intrometendo o tempo todo no modo que você dirige, o Renegade básico é uma compra extremamente atraente.
No lugar de alguns mimos e comodidades, você têm uma mecânica muito forte, um excelente acabamento, suspensões bem robustas e um visual cativante, entre muitas outras qualidades – e tudo isso por menos de R$ 120 mil. Segundo as minhas prioridades, pelo menos, é muito mais negócio que outras opções mais “atuais” nesta faixa de preço.